Fogo-Fátuo: a lenda do fogo azul

Há muitos anos atrás, quando ainda nem existiam estradas de alcatrão, uma criança perdeu-se num pântano. Sozinha e esfomeada, gritou por ajuda e rezou a Deus por salvação. Foi então que uma pequena chama meio azulada meio esverdeada apareceu diante dos seus olhos e a guiou para fora do pântano, de volta à sua aldeia e logo depois se extinguiu com o seu dever realizado.

Quem vislumbrou tal aparição indagava: terá sido um anjo? Ou uma alma penada? Para a criança, aquela pequena chama era a resposta às suas preces. Para ela, Deus existia e tinha ido em seu auxílio.

A Ciência por detrás do factos

Fogo-fátuo (do latim i̅gnis fatuus) é um fenómeno que ocorre à superfície dos lagos, pântanos ou até mesmo nos cemitérios. É criado graças à oxidação da substância orgânica Fosfina (PH3), Difosfano (P2H4) e Metano (CH4) provenientes da decomposição de cadáveres (material orgânico).

Uma vez que a mistura de Fosfina e Difosfano inflamam espontaneamente em contato com o oxigênio no ar, são necessárias apenas pequenas quantidades para inflamar o metano, muito mais abundante, para criar esses pequenos incêndios efémeros.

Dessa explosão resulta uma chama azulada de 2 a 3 metros de altura acompanhada por um barulho característico. Costumam durar apenas alguns segundos. Geralmente, quando uma pessoa se depara com o fogo-fátuo, assusta-se e corre para abandonar o local, o que faz com que o ar se desloque com o movimento do corpo e, por isso, dá a impressão de que o fogo a persegue.

O fogo-fátuo pode ser a causa de incêndios nas matas. O fenómeno também pode ser facilmente confundido por pessoas místicas, como algo sobrenatural. A lenda do boitatá, por exemplo, foi baseada no fenómeno, onde os índios acreditavam que o fogo da explosão era, na verdade, um monstro. Não é à toa que o povo indígena sempre foi muito crente em espíritos, monstros, aparições…

Fogo-Fátuo numa floresta e pântano. A visão que algumas pessoas dizem ter tido ao caminharem, de noite, em locais fechados, húmidos e/ou cemitérios.
Fogo-Fátuo numa floresta pantanosa.

Fênix Anã

Representação da Fénix Anã. é mais pequena que a Fénix que conhecemos geralmente e de cor azul em vez de vermelha. É considerada um guia de pessoas perdidas. Quando morrem, viram cinza que, ao serem banhadas pela luz da lua, tornam-se em ovos dos quais uma nova fénix nasce ao fim de poucos dias.
Representação da Fénix Anã.

Em algumas lendas, o Fogo-fátuo é citado com a aparência de uma pequena ave com poderes de fogo e penugem de cor azul. Essa ave é chamada de Fénix Anã devido à sua semelhança com a Fénix “normal” que conhecemos, só que numa dimensão bem menor. Quando essa ave, que possui também uma grande velocidade, bate as asas cria uma movimentação de fogo azul no ar.

Estas aparições são, normalmente, vistas em florestas tropicais e em pântanos. Às vezes as pessoas que passam por essa região confundem essas aves com um Fogo-Fátuo na calada da noite.

Algumas lendas antigas dizem que essas aves guiam pessoas perdidas pelas florestas e pelos pântanos que habitam, ajudando-os a sair daquele lugar.

Quando a Fénix-Anã morre ela também vira cinzas e, quando essas cinzas são tocadas pela luz da lua, transformam-se em ovos e, assim, a Fénix-Anã choca depois de poucos dias.

Lendas e Mitos

Fogo-fátuo é o nome dado a luzes misteriosas que aparecem à noite em locais sombrios (pântanos, cemitérios, rios e lagoas), normalmente vistas por viajantes que passam pelas estradas desertas.

Começou a ser relatado desde a Idade Média na Grã-Bretanha. A lenda sempre dizia que eram luzes derivadas de espíritos malignos com natureza travessa ou mal-intencionados, usadas para atrair viajantes e outras pessoas para situações perigosas. Essas luzes também foram incorporadas na literatura moderna, um bom exemplo que pode ser citado encontra-se em Drácula, de Bram Stoker.

Representação da lenda do Hinkypunk, a versão inglesa do Fogo-Fátuo.
Representação de Hinkypunk, por ArtStation, Pinterest.

As luzes misteriosas existem em várias culturas do planeta, com nomes diferentes dependendo da região. Na Europa são muitas vezes considerados como Fadas e Almas penadas. Na América do Norte e na Dinamarca são conhecidas como Jack O’ Lantern, a famosa lenda do Halloween e as suas cabeças de abóbora.

Em algumas partes da Inglaterra, o Fogo-Fátuo é conhecido como o espírito Hinkypunk.

Devemos ter muito cuidado ao avistar um Fogo-fátuo, pois além de inflamável, não deve ser olhado de perto, nem seguidos, pois podem enganar ao criar ilusões e visões daqueles que já morreram e apodreceram no local onde são encontrados (o que é muito comum nos pântanos que engoliram cemitérios antigos com todos os seus túmulos).

O Fogo-fátuo também é considerado um presságio de morte, associado aos espíritos que não conseguiram entrar no céu nem no inferno, almas penadas que foram condenadas a vagar pela terra e que tentam levar viajantes a encontrar o seu fim.

Em algumas lendas o Fogo-fátuo não é considerado maligno, sendo considerado como um feitiço de fadas ou de espíritos de guardiões de tesouros que os revelam apenas àqueles corajosos o suficiente para os seguir e reclamar a sua riqueza.

Imagem representativa da Mãe-do-Ouro, lenda brasileira sobre um espírito que protege cavernas de ouro de quem o quer roubar. Também ajuda mulheres que sofrem com homens violentos que as tratam mal.
Representação da Mãe-do-Ouro.

A Lenda da Mãe-do-Ouro

A lenda da Mãe-do-Ouro, no folclore brasileiro, também é associada ao Fogo-Fátuo pois também se pode tornar numa bola de fogo; esta, por sua vez, indica os locais onde se encontram jazidas de ouro que não devem ser exploradas.

Outra das suas formas é a de uma belíssima mulher, com um vestido longo de seda e com cabelos dourados que refletem a luz. Tem a capacidade de voar/flutuar.

Caso sejam vistas e não sejam respeitadas para com as suas ordens de não explorarem as cavernas de ouro, criam males que recaem sobre os ladrões, geralmente roubando-lhes a vida.

Relação do Fogo-Fátuo com o livro “O Guardião das Lendas”

No livro “O Guardião das Lendas”, de Gerson Rosário, existe a presença mística de um Fogo-Fátuo que tem o papel de guiar o protagonista da história, Alexandre, para a segurança da sua luz e que vem também revelar um pouco do futuro que o espera, além de ser a fonte de um poder único.

Ao contrário de outras lendas que fazem parte deste livro, esta vem ajudar, guiar e proteger Alexandre. Este fogo é explorado como se se tratasse ele mesmo de um personagem e, nota-se, é bastante importante, pois além de estar apenas presente inicialmente, torna-se um ponto chave e completamente necessário para derrotar o verdeiro mal que persegue o protagonista.

“O Guardião das Lendas” é um livro que mergulha nas profundezas deste tipo de histórias de terror e suspense, explorando o mistério das mesmas.

Para saber mais sobre mitos como o do Fogo-Fátuo e explorar outras histórias fascinantes, confira o livro “O Guardião das Lendas” do autor Gerson Rosário no site oficial.

Considerações Finais

O que são lendas? O que são mitos? As lendas são narrativas tradicionais que refletem a cultura e as crenças de um povo, enquanto os mitos são histórias que explicam fenómenos naturais ou culturais.

Fogo-Fátuo possui uma forte conexão com outras lendas, como as citadas anteriormente (Fénix Anã e Mãe-do-Ouro).

Estas lendas e mitos variam de acordo com a região, mas mantêm a essência de espíritos que ou ajudam ou enganam e criam tragédias que levam mais almas consigo.

O que achaste deste mito? Já ouviste algo assim? Partilha com os teus amigos e dá mais força aos espíritos para que as lendas nunca desapareçam.


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Referências:

2 pensamentos sobre “Fogo-Fátuo: a lenda do fogo azul

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