A Lenda do Folar de Páscoa

Numa aldeia escondida entre serras verdes e vales perfumados de alecrim, vivia uma jovem chamada Mariana. Era conhecida por todos pela sua doçura e bondade, e também pela fé que guardava no coração. Mariana acreditava que, quando o coração é puro, os desejos mais profundos encontram sempre o seu caminho.

Dois rapazes da aldeia que disputavam o seu afeto: Simão, trabalhador e gentil, e António, vaidoso e impulsivo. Apesar de lisonjeada, Mariana sentia-se dividida e temia ferir os sentimentos de quem não fosse escolhido. Para encontrar clareza, subia todos os dias ao pequeno oratório da aldeia, onde uma imagem de Santo António repousava sob um feixe de luz dourada, e onde rezava em silêncio.

Numa tarde de primavera, enquanto as amendoeiras floriam e a chegada da Páscoa era inevitável, Mariana ajoelhou-se e fez uma promessa ao santo:

— Se for da tua vontade, Santo António, que eu me una àquele que o meu coração verdadeiramente ama, oferecerei, em teu nome, um pão doce feito com as minhas mãos e o levarei aos que amo como sinal da minha gratidão.

Dias depois, Simão, com um ramo de flores silvestres nas mãos, ajoelhou-se diante de Mariana e pediu-lhe que fosse sua esposa. Ao olhar para ele, Mariana soube, com toda a certeza, que o seu coração já tinha escolhido há muito.

Fiel à promessa, Mariana acordou ainda antes do sol e começou a preparar o pão. Misturou farinha, ovos, erva-doce e canela. Com amor, colocou ovos inteiros no topo da massa, como pequenos tesouros escondidos. Ao cozer, o aroma espalhou-se pela aldeia, e todos souberam que algo especial estava a acontecer.

Na manhã de Páscoa, Mariana levou o pão ao oratório, agradeceu ao santo e, de seguida, partilhou o doce com vizinhos, amigos e familiares. Chamou-lhe folar, e explicou que era um presente de amizade e reconciliação.

Desde então, em todas as Páscoas, o povo daquela terra — e de tantas outras — oferece o folar como símbolo de amor, fé e gratidão. E dizem os mais antigos que, sempre que um folar é partilhado com o coração aberto, Santo António sorri, lá do alto, abençoando aquele gesto.


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