Os Pesadelos da Paralisia do Sono: Um Relato Pessoal

Muitas pessoas já passaram por situações em que o corpo não reage a comandos e entram num estado de pânico que as levam a imaginar os seus piores medos. Nesta caso em específico eu poderei falar-vos na primeira pessoa e contar-vos as minhas experiências pessoais com este tipo de “lenda”.

Ilustração da “Pisadeira”, uma velha medonha que se senta no peito das pessoas a meio da noite e as deixa despertas mas paralisadas. / iKarow ’20


Não me lembro exatamente do ano, mas penso que terá sido em meados de 2015 quando tive a minha primeira experiência com a paralisia do sono. Pelo menos que me recorde.
Sei que fui dormir como em qualquer outra noite, mas estava estranhamente cansado. Não demorou muito para adormecer e isso raramente acontece, pois sou daquele tipo de pessoa que dá voltas e voltas na cama até conseguir dormir. Dessa vez até dormi de barriga para cima, o que não costuma acontecer!
Lembro-me tão bem dessa noite… A meio dela recuperei os sentidos, mas alguma coisa estava estranha… por mais que eu tentasse, os meus olhos não abriam. Estava envolto em escuridão para onde quer que eu tentasse olhar. Óbvio, os meus olhos não abriam. O meu pescoço não ajudava a virar a cabeça e a própria cabeça não tinha força nem para levantar do travesseiro. Os braços não respondiam e os dedos estavam dormentes.
“Ok, calma. Isto é o que chama de paralisia do sono, eu pensei. “Está tudo bem, é completamente normal”. O que não é normal é ter sentido tanta coisa logo a seguir.
Comecei por sentir que um peso se formava em cima da cama, como se alguém tivesse subido nela desde a zona dos pés e desse alguns passos em direção à minha cabeça. Um, dois, três, quarto. Senti um leve peso no peito, como se alguém bem leve se tivesse sentado em cima de mim.

E depois o sufoco. Posso jurar que duas mãos me tinham agarrado pelo pescoço e me estavam a tentar estrangular. A minha boca abriu, mas sem forças para gritar. A garganta seca e as cordas vocais mudas. E aquela força continuava a tentar apertar. Não diria que tenha sido muito forte, mas ainda assim dificultava para respirar.

Ilustração do demónio da paralisia do sono. / Reprodução internet.

Eu lutei. Ou tentei. Tentei mexer os meus dedos dormentes, pois mais nada do meu corpo dava sinais. Os meus olhos, a rodopiar nas suas órbitas, mas ainda cegos pelas pálpebras que teimavam em não abrir.
“Porquê que isto não acaba? Eu sei que é a paralisia do sono, mas devia durar tanto tempo assim?”
Eu já estava tão cansado e as forças pareciam que não queriam voltar. Até que consegui mexer os dedos. “Ok, está a voltar, é só mais um pouco”. Finalmente os meus olhos abriram um pouco e pude ver uma silhueta em cima de mim. Estava tudo na penumbra da lua e juro (eu juro!) que vi um vulto em cima de mim!
Voltei a fechar os olhos sem acreditar no que tinha acabado de ver. Em poucos segundos que pareceram minutos eternos, finalmente a força voltou, e foi de uma vez. Levantei-me e a última coisa que vi foram as pernas daquele vulto a fugir porta a fora – e sim, a porta estava aberta.
O que é suposto pensar nestas alturas?
Bem… Não havia muito a fazer. Eu não ia atrás dele! Bebi um pouco de água da garrafa que tinha ao lado da cama e voltei a deitar-me. Cansado, exausto daquela luta, voltei a dormir. Nunca mais voltei a ver aquele vulto em específico, embora tenha visto outros noutras fases da minha vida.
“E voltaste a passar pelo mesmo?”, perguntam vocês.
Voltei. Mas isso é uma história para outro dia.

Gerson Rosário


Compra já “O Guardião das Lendas” pelos canais oficiais:
Wook.pt ou na Loja Oficial


Fontes das imagens:
x.com/ikarow
redevampyrica.com

Um pensamento sobre “Os Pesadelos da Paralisia do Sono: Um Relato Pessoal

  1. Pingback: Não há duas sem três: Paralisia Facial (de Bell) | Gerson Rosário

Deixe um comentário