Contou-me o amigo de um primo, que numa vila antiga do sul de Portugal, uma mulher chamada Marta tinha herdado uma antiga casa de família. Era uma casa enorme, cheia de pó e rangidos estranhos por todos os lados. Mas o que mais chamou a atenção foi um boneco de palhaço guardado num baú de madeira podre no sótão — tinha a pele de plástico branca, olhos pretos brilhantes e um sorriso triste pintado. Dois detalhes que chamaram a atenção de Marta foram as duas gotas desenhadas próximas dos olhos.
Por alguma razão, Marta decidiu que seria boa ideia sentá-lo numa cadeira no quarto de hóspedes. E foi aí que tudo começou.
Na primeira noite, ouviu risos sussurrados no corredor.
Na segunda, passos.
Na terceira, a porta do quarto apareceu aberta — e o boneco estava na sala, sentado à mesa de jantar, como se esperasse por ela.
Assustada, trancou o boneco outra vez no sótão. Mas ele voltou. Todas as noites ele aparecia nalgum lugar da casa, cada vez mais perto.
Dizem que ela tentou queimá-lo, mas o boneco não ardia. Quando foi tocado pelo fogo, ele abriu lentamente os olhos.
E sorriu.
Na manhã seguinte, não havia rasto de Marta em lugar algum. A casa estava vazia. Os que se atreveram a entrar dizem que o boneco ainda está lá, sentado na sala, com três lágrimas pretas pintadas no rosto.


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